Não costumo postar coisas sobre meu trabalho no estúdio, mas esse em específico dialoga com umas ideias que pretendo abordar no futuro. Sem mais, segue o texto.
Existe um interesse muito grande de um Brasil pela exploração da condição social de uma pessoa, como se o único fator que define a existência e o discurso dela é a sua condição. Com isso a perversidade da sociedade converte o lugar de fala para o único lugar em que se possa falar.
Por um interesse midiático que ainda resiste a escrita que mais conhecemos de Carolina Maria de Jesus, é a da escritora favelada – e que é de fato uma escrita potente – mas Carolina escreveu além de diários, provérbios, poemas, músicas e romances.
Assim como as escritas ignoradas de Carolina, existem muitas potências e realidades que são cAssim como as escritas ignoradas de Carolina, existem muitas potências e realidades que são constantemente ignoradas e apagadas no passado, no presente e no desejo futuro de uma parcela da sociedade.
2 anos atrás em um processo longo atravessado pela pandemia que ainda segue começou o desenvolvimento da identidade visual da exposição “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros” no IMS São Paulo com curadoria de Raquel Barretos e Hélio Menezes e assistência de Luciara Ribeiro.
Na nossa primeira apresentação escrevemos que “a exposição escreve o passado que não é contado, reflete sobre o presente para, assim, escrever o futuro” e na época a exposição ainda era uma sequência de slides organizadas cuidadosamente pela equipe curatorial e que trazia essa potencialidade latente. No fim do ano passado a realização da exposição materializou nosso desejo escrito lá atrás também. A exposição conta sobre Carolina o que lhe foi apagado e escondido, trouxe para o seu lado outros que também sofreram o mesmo e discute no presente com artistas contemporâneos que o futuro não será mais escrito como era.
Muitas Carolinas poderão ser conhecidas e muitos histórias serão escritas.
Obrigado Hélio e Raquel por esse encontro profundo com Carolina, e aos meus querides Giovani e Giulia pela companhia nessa trilha.
A exposição fica no IMS São Paulo até 3/4 e um tour virtual é possível pelo site do IMS São Paulo.