Esse ano eu ouvi poucas coisas muitas vezes. A analise do Spotify deu 1.401 minutos de Emílio Santiago, o que dá quase 24h ouvindo só isso, as outras coisas que aparecem por lá deveriam seguir a mesmo caminho – pedi os dados para o Spotify e quando chegar talvez tente esmiuçar mais esse meu hábito.
Com tanta oferta de música pelas plataformas digitais ouvir tantas vezes a mesma coisa parece sem sentido, o que me fez conectar a como eu ouvia música lá atrás na juventude na época em que não tinha acesso a internet ou baixar MP3 era uma tarefa que poderia durar 1 semana ou mais e eram basicamente 3 opções: Rádio, TV e mídias físicas. Nessas 3 opções a variedade era uma coisa limitada seja pela grade ou jabá nas mídias de TV e Rádio ou pelo custo do CD’s, que mesmo com a chegada dos piratas ainda assim não eram coisas que comprávamos as pencas na época.
Nesse contexto era bem comum ouvir várias vezes as mesmas músicas ou comprar um CD, ficar ouvindo ele infinitamente várias vezes seguidas e ouvir música ser uma atividade exclusiva, do tipo vou pegar um CD para ouvir enquanto lendo as letras no encarte ou só viajando e curtindo as tristezas e dramas da adolescência.
Hoje o meu ouvir as coisas no modo repeat pra mim tem mais haver com um processo de foco mesmo de ouvir a música para parar de ouvir a música e ela ser apenas um motor para continuar e não como forma de me conectar com o tempo com aquelas músicas. Gostei de começar de retomar esse hábito, mesmo que dessa maneira.
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Experimentei brincar um pouco com o Geometry Nodes do Blender para criar a imagem e vídeo que ilustram esse texto. É um mar de possibilidades legais, vale explorar.