Na semana em que entregadores de Paulínia e Jundiaí que trabalham para o iFood estão de greve a empresa lança dentro de um servidor brasileiro de GTA V a possibilidade de ser um trabalhador da empresa virtualmente. Nas propagandas que já infestam o YouTube já fica descarada que qualquer conexão com a realidade obviamente não foi e nem será feita.
Acho que pensamos pouco sobre os impactos das tecnologias que criamos e usamos a longo prazo. Não acho que devemos nos sentir responsáveis pelas merdas que grandes empresas fazem, mas acho que o uso crítico dessas tecnologias e o apoio a outras classes trabalhadoras é sempre essencial. Designers como eu vira e mexe trabalham com iniciativas que visam trazer inovação para esse mundo que vivemos, mas que quase nunca incluem nesse projeto de mundo novo o impacto das coisas.
Eu ando batendo bastante nessa tecla que devemos olhar para a tecnologia de uma maneira mais profunda e humana. Eu não ando tendo muito cabeça para ler, efeito talvez dessa aceleração das telas, mas recomendo fortemente dois podcasts que vão abordar isso muito melhor do que eu: “O que o Milton Santos diria do iFood?” do Prato Cheio traçando uma relação muito interessante sobre o pensamento do Milton Santos e o modelo de negócio do iFood e o “Como uma tecnologia centenária redefiniu a maneira como vivemos” do Tecnocracia que comenta os impactos da indústria automobílistica no desenvolvimento da sociedade contemporânea.
Na arte um remix entre imagens da propaganda do jogo do iFood e um vídeo da greve de Jundiaí retirado do perfil do Paulo Galo no Instagram.