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Hoje de manhã visitei a ocupação da Escola Estadual Profº Moacyr Campos (MOCAM) na zona leste de São Paulo, pois ontem ouve um recado do diretor  Claudemir Cruz que haveria aula, e que os alunos deveriam comparecer em conjunto com os país, pois a escola seria desocupada. Mediante a forte possibilidade de conflito policial resolvi passar na escola e acompanhar de perto, já que a escola foge do escopo da grande mídia.

Os alunos da ocupação, resistiram, porém o diretor conseguiu através do arrombamento de um cadeado adentrar a escola e permitir que alguns alunos entrassem, fazendo um discurso que colocava aluno contra aluno, e pais contra pais, o que é um absurdo.

Nesse momento um levantamento nos ânimos aconteceu entre os contra e a favor da ocupação, onde um homem que – já havia chamado a polícia para o local quando tudo estava totalmente tranquilo – com medo de ser agredido e sobre a alegação que estava passando mal reforçou o chamado a polícia para prestar seus “serviços”.

Com a chegada da polícia o clima obviamente ficou mais tenso, mas não houve conflito direto até pelo forte nível de opressão que 4 viaturas podem trazer para as pessoas. E por que obviamente nenhum dos ocupantes quer conflito, querem apenas um dialogo real e direto, e que não tenham que abrir mão de suas conquistas.

Por fim, ouve inicio a negociação e os ocupantes decidiram permitir que hoje houvesse aula para os alunos que foram. Uma média de 40 alunos que eu vi adentrar que com certeza vão ficar mais chateados por não ter lista de presença do que pela realidade de 94 escolas serem fechadas. Porém as ocupações irão seguir, e isso foi apenas uma trégua em respeito aos alunos que dizem querer ter aula.

Enquanto estava acompanhando, conversei com alguns alunos que estavam fora da escola aguardando a liberação para ter aula. Nas conversas era claro uma visão individualista sobre este momento, onde todos ali queriam saber se iam passar de ano, ou que teriam que vir para a escola nas férias para fazer reposição. Alias o argumento férias foi utilizado não somente por alunos, mas por pais também que não queriam perder a viagem de fim de ano.

O Moacyr Campos não está na lista das escolas que serão fechadas, então isso fortalece mais ainda o espírito individualista, já que a vida dessas pessoas não seriam afetadas diretamente, apenas continuariam com o ensino precário que já tinham. A falta de solidariedade, empatia e das reais consequências e impactos disso na sociedade não são levados em consideração.

Foi possível ainda ter que ouvir da boca de um pai – que o filho disse estar se lixando pra vida dos outros, que ele estava apenas preocupado com o futuro dele – que aquilo não tinha nada haver com política, apenas com alunos que queriam ter aula. E ai, a pergunta fica, que aula eles querem ter? Que aula eles tiverem? Por que, o desespero pra se ver livre de uma instituição? Com certeza todos sabemos que aula não é o motivo, é apenas uma hipocrisia.

Talvez pela primeira vez em muito tempo alunos estão dentro de escolas com um sentimento único e maior de pertencimento e empoderamento, são jovens de 15, 17 anos que entenderam que a escola é um espaço público e que ninguém é maior do que eles dentro desse prédio. Que a existência desse prédio só se dá pela existência deles, e que mexer com o direito de um é mexer com o direito de todos.

Assim como os alunos que ocupam o MOCAM não se omitiram ao que esta acontecendo, nós enquanto pessoas que vivem nessa sociedade também não devemos nos omitir.

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