Catalogação

Tipo: Blog

Categorias: experimentos, ilustração, textos

Tags:

Não lembro certo o ano, alias nunca lembro datas, mas acredito ter sido em 2007. Andando pela rua de minha casa próximo a periferia da cidade encontrei no chão pequena, suja e dourada a primeira chave da minha coleção.

Coloquei -a no bolso e a tirei da condição de objeto obsoleto para símbolo material, para objeto de estima e valor.

Pendurada no meu pescoço desde lá me perguntam sobre o significado que ela traz comigo. Eles são vários e se modificam conforme evoluo. Acredito na chave como um símbolo de escolha, e a nossas vidas por mais clichê que isso seja, são feitas de opções.

Cada escolha feita, está feita. Toda vez que pegamos uma chave (fazemos uma opção), procuramos uma porta e abrimos ela é um passo para algo totalmente diferente, nunca vamos saber o que tem atrás da porta e sempre vamos precisar pegar uma a chave para ver.

A escolha da chave errada nos leva à portas erradas ou à portas que não abrem. As vezes temos claro aonde queremos estar mas não sabemos o que fazer para estar e nesses casos o molho de chave aumenta.
Carrego pendurado no pescoço o peso das minhas escolhas, carrego a minha historia, minhas opções e toda a trajetória.

Além da chave que tenho comigo, guardo uma coleção de chaves perdidas iguais a que carrego. Nessa coleção tenho chaves encontradas por mim na rua e chaves encontradas por amigos e pessoas queridas, que são guardadas e entregues a mim com carinho.

Nesse momento com todas as chaves que ganho sou poeticamente um guardião de escolhas perdidas, que por um acaso nos passaram despercebidas, que caíram de nossos bolsos para o mundo.

É claro que naquele dia de 2007 não pensei em nada disso quando abaixei para recolher a chave do chão, apenas fiz uma escolha.

Um comentário em “A chave e eu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *